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  • Encontro empresarial retoma parceria entre Brasil e Alemanha

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    4.12.2023

    Ao abrir o encontro empresarial Brasil-Alemanha nesta segunda-feira, o presidente da Apex Brasil, Jorge Viana, defendeu a retomada da parceria entre os dois países, depois de quase dez anos sem avanços, para intensificar o fluxo de comércio, aumentar investimentos, reforçar a industrialização em diversos setores e criar empregos no Brasil. Segundo Viana, o fluxo de comércio do Brasil para a Alemanha foi estimulado pelo presidente Lula em seus primeiros governos e no governo Dilma Rousseff, e chegou a crescer a uma razão de 7% ao ano até 2014. Mas esse crescimento caiu para O,5% ao ano no último governo. No caso da Alemanha, essa corrente de comércio com o Brasil crescia nada menos do que 13% ao ano, mas acabou reduzida a 1,5%.

    "Brasil e Alemanha têm relações bilaterais há quase 200 anos. O novo governo do presidente Lula vai resgatar essa parceria. A Alemanha é o país mais industrializado e a maior economia da Europa. O Brasil está vivendo uma fase muito importante. Tem o maior programa social do mundo e um grande programa de infraestrutura como o PAC", afirmou Jorge Viana.

    Encerrado pelo presidente Lula e pelo chanceler Olaf Scholz, o seminário foi organizado pela Apex Brasil e pela Federação das Indústrias da Alemanha e reuniu empresários e representantes de empresas brasileiras e alemãs, além de autoridades de governo dos dois países.

    Em sua intervenção, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, falou das boas condições da economia brasileira para receber investimentos, citando, entre outras iniciativas, a reforma tributária. Ele deu ênfase às oportunidades que se colocam no plano da transição energética e da bioeconomia, como os investimentos em hidrogênio verde. Haddad defendeu esforços dos dois países para viabilizar o acordo entre o Mercosul e a UE, mas deixou claro que, independentemente disso, Brasil e Alemanha devem trabalhar num acordo de cooperação estratégica entre os dois países.

    Relações Brasil-Alemanha

    Corrente de Comércio: a Alemanha é o principal parceiro brasileiro na Europa. Em 2022, a corrente comercial teuto-brasileira foi de US$ 19 bilhões, o que significou um aumento de 16% em relação a 2021. Em que pese esse aumento, o volume de comércio bilateral encontra-se abaixo do patamar de alcançado em 2013, quando se chegou a um fluxo de mais de US$ 21 bilhões.   O Brasil é tradicionalmente deficitário no comércio com a Alemanha, e, em 2022, o déficit foi de US$ 6,5 bilhões.

    Exportações: as exportações brasileiras, no mesmo ano, totalizaram US$ 6,26 bilhões. As exportações brasileiras à Alemanha cresceram cerca de 5% ao ano desde 2018. Esse avanço deve-se a múltiplos fatores. Mais recentemente, exportadores de bens primários agrícolas beneficiaram-se dos avanços nos preços internacionais ocorridos desde 2021. Simultaneamente, as sanções aplicadas pela Alemanha à Rússia a partir da eclosão do conflito na Ucrânia abriram espaço para vendas de petróleo brasileiro ao país.

    A pauta de exportações do Brasil para a Alemanha, no entanto, é relativamente concentrada, com os 3 maiores grupos de produtos exportados (café verde, farelos de soja e minério de cobre) somando 54% do total. Ademais, o Brasil é origem de apenas 0,6% dos produtos comprados pelo país europeu. De todo modo, a participação brasileira no mercado para os principais produtos exportados (café, farelo de soja e minérios de cobre) é próxima ou ultrapassa os 10%.

    Importações: As importações do Brasil com origem na Alemanha são fortemente diversificadas, com participação significativa de grupos de produtos de maior valor agregado, destacando-se químicos, medicamentos e autopeças. Em 2022, elas foram de US$ 12,8 bilhões. Dentre os produtos comprados pelo Brasil da Alemanha, destaca-se o avanço nas compras de fertilizantes. Esse crescimento, deve-se aos impactos da eclosão do conflito entre Rússia e Ucrânia. Frente ao cenário de sanções internacionais a empresas russas, consumidores brasileiros buscaram diversificar a origem dos adubos adquiridos internacionalmente.

    Investimentos alemães no Brasil:  A Alemanha é fonte tradicional de investimentos para o Brasil. Segundo o Ministério das Relações Exteriores (MRE), desde as primeiras décadas do século XX, capitais alemães ajudaram a alavancar o desenvolvimento industrial brasileiro. Nas décadas de 1960 e 1970, a criação do moderno parque industrial do Brasil coincidiu com o início do processo de internacionalização das empresas alemãs. Ainda segundo o MRE, as cerca de 1600 empresas alemãs hoje instaladas no Brasil respondem por 8-10% do PIB industrial brasileiro, sendo São Paulo uma das maiores concentrações industriais alemã fora da Alemanha.

    O estoque de IED da Alemanha no Brasil cresceu US$ 5,1 bilhões em 2021, o que representa um aumento de 24% em relação ao ano de 2020, o que reflete a recuperação econômica do Brasil pós-pandemia. Em termos comparativos, a Alemanha ocupa a 10ª posição no ranking de investidores no Brasil e foi a 4º economia europeia que mais aumentou o estoque de IED no Brasil em 2021, atrás apenas de Reino Unido, Noruega e França.

    Na perspectiva dos projetos recentemente anunciados, destacam-se o projeto da Stadler na construção da maior planta de triagem mecânica de reciclagem do Brasil no valor de US$ 105 milhões, estima-se que gere 150 novos empregos formais em Jaboatão dos Guararapes - PE; e o projeto da NETZSCH da nova fábrica de bombas helicoidais no valor de US$ 101 milhões em Ribeirão Souto - SC, estima-se que o investimento gere 300 novos empregos.

    Investimentos brasileiros na Alemanha: O estoque de IED brasileiro na Alemanha cresceu US$ 408 milhões em 2021, o que representa um aumento de 61% em relação a 2020. Em termos comparativos, a Alemanha subiu para a 27ª posição no ranking de destino de estoque brasileiro no exterior, considerando a ótica do Investidor Imediato.

    Na perspectiva dos projetos brasileiros anunciados na Alemanha, destacam-se as aberturas de centros de P&D pela WEG, J&F Investimentos, Zdrax e Iochpe-Maxion, as quais somaram US$ 243 milhões em investimentos, e o novo centro de dados do Nubank em Berlim com valor estimado de US$ 161 milhões em 2018. Nas fusões e aquisições, a WEG, do setor de fabricação de transformadores, adquiriu a Antriebe em 2014 (os valores não foram divulgados).

    Fonte Internet: ApexBrasil, 04/12/2023