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    5.6.2012

    VALOR ECONÔMICO

    Empresários e diplomatas criticam Argentina 
    Por Guilherme Serodio | Do Rio

    A imprevisível política de comércio exterior argentina foi o tema central de um encontro que reuniu diplomatas e empresários na discussão sobre a relação comercial entre Brasil e Argentina, ontem no Rio. A dois dias de uma reunião bilateral em Buenos Aires para tentar destravar o comércio bilateral, o comportamento do governo argentino foi descrito, entre outros termos, como "quase suicida" pelo anfitrião do evento, embaixador José Botafogo, do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).

    Uma crítica recorrente foi à política de licenças não automáticas adotada pelos argentinos para dificultar as importações. Para Mário Fioretti, representante da Anfavea (entidade que representa fabricantes de veículos e máquinas agrícolas), o setor de máquinas agrícolas é um dos que mais sofrem. Segundo ele, há cerca de mil licenças de tratores e outras 125 de colheitadeiras paradas há mais de 120 dias na alfândega argentina. Pela OMC o prazo não deveria passar de 60 dias.

    As licenças não automáticas serão um dos temas da reunião entre Brasil e Argentina, diz o diretor de Mercosul do Itamaraty, Bruno Bath. Pessimista, ele se diz "angustiado com o enfraquecimento da institucionalidade na relação entre os dois países". Descrente em relação ao sucesso da reunião bilateral, Botafogo não prevê avanço nas negociações.

    Mesmo com críticas, os empresários demonstravam mais otimismo que os representantes do Itamaraty com as relações bilaterais. Talvez porque, como lembrou o presidente da Associação Brasileira de Empresas de Comércio Exterior (Abece), Ivan Ramalho, a Argentina é um dos poucos países com os quais a pauta de exportações não é "primarizada". Em 2011, 75% das exportações brasileiras de veículos foram para a Argentina. O setor participa com 47% do total de vendas para o país vizinho.

    Para Thomaz Zanotto, representante da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a relação com a Argentina é estratégica e o Brasil precisa ajudar o vizinho a vencer esse mau momento. Ele diz que a Argentina precisa terminar 2012 com saldo comercial positivo de US$ 10 bilhões para fechar suas contas.

    Para o ex-embaixador brasileiro no Mercosul Regis Arslanian, o Brasil poderia ajudar os vizinhos dando preferência aos produtos argentinos ou incentivando o uso das moedas locais nas trocas bilaterais. Outra proposta é a extensão de exigências de conteúdo local ao vizinho.