• HOME Notícias
  • Brasil e Argentina reforçam parceria em comércio bilateral

    IMPRIMIR

    3.2.2012

    DCI
    03/02/12 - 00:00 > COMÉRCIO EXTERIOR
    Paula de PaulaAE

    são paulo - A indústria brasileira está se posicionando frente a Argentina no sentido de garantir uma parceria mais firme. Ontem Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), declarou, em visita ao país estrangeiro que "é interessante que o Brasil compre mais da Argentina, principalmente em setores nos quais nosso vizinho tenha possibilidade para atender a demanda brasileira", exemplificando com a indústria naval e petroquímica.

    Segundo a Agência Estado empresários brasileiros prometeram a representantes do governo argentino que vão comprar mais bens do país em troca da manutenção do fluxo de exportações brasileiras para a Argentina, ameaçado pela escalada protecionista do país.

    Na última quarta-feira entrou em vigor uma lei que exige aos importadores Argentinos informações prévias sobre todos os produtos de bens de consumo feitas no ano. Paulo Skaf liderou uma comitiva de empresários em visita ao país para reuniões com autoridades locais.

    Para o presidente da Câmara de Comércio Argentino Brasileira de São Paulo (Camarbra), Alberto Alzueta, essas medidas "obviamente vão trazer uma repercussão negativa muito grande". Ele explica que ações deste tipo irão influenciar não só a produção brasileira mas também a indústria argentina, que necessita de matéria prima brasileira para sua produção.

    Ivan Ramalho, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Comércio Exterior (Abece) e ex-coordenador da comissão bilateral Brasil Argentina pelo Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (Mdic) alerta que esse tipo de medida não é nova e que começaram há cerca de oito anos com a chamada "guerra da geladeira", quando a Argentina queria impor sanções a produtos da linha branca, vindos do Brasil.

    As exportações do Brasil para a Argentina, no último ano, totalizaram US$ 22,7 bilhões e as importações US$ 16,9 bilhões. O presidente da Abece acredita que esses números são uma prova que as medidas podem não ter um efeito tão duro nas exportações brasileiras, já que no ano passado entrou em vigor a chamada "licença não automática". Apesar disso, o especialista deixa claro que o protecionismo é "uma sombra totalmente indesejada dentro de um mercado comum [Mercosul]. É notório que isso [medida] não é permitido".

    Ele também lembra que esses ajustes não influenciam somente o Brasil mas sim todas os países que realizam exportações para a Argentina. "Tenho pela minha experiência que o foco [desta ação] é o produto asiático".

    Em reunião na embaixada do Brasil na Argentina, entre o presidente da Fiesp e empresários, segundo nota oficial, surgiu um alerta sobre a importância dos dois países trabalharem juntos nas questões que envolvem ações asiáticas, como a entrada massiva de produtos chineses, que prejudica ambos países.

    Para o presidente da Câmara, uma boa opção para contornar o problema é o uso do Sistema de Pagamentos em Moeda Local (SML), que permite que as transações comerciais sejam feitas em moeda dos países envolvidos e não em dólar. Essa ferramenta ajudaria as exportações brasileiras na Argentina a não influenciarem a reserva de divisas do país.

    Segundo dados da Fiesp, no ano passado, os produtos mais exportados pelo Brasil para a Argentina foram automóveis de passageiros, com participação de 16% e montante de US$ 3.617 milhões, e partes e peças para automóveis e tratores, com 10% de representação e US$ 2.172 milhões.

    Os produtos mais importados pelo Brasil foram automóveis de passageiros, representando 25% e uma quantia de US$ 4.284 milhões e veículos de carga com participação de 10% e montante de US$ 1.739.

    O presidente da Abece afirma que apesar da participação significativa de automóveis e motores no comércio bilateral dos dois países "esse setor tem um regime próprio, não enfrenta dificuldades burocráticas e não enfrentará, pois as peças [automotivas] são utilizadas para produzir automóveis argentinos".